A cidade de São Paulo vive, neste segundo semestre de 2025, uma de suas maiores efervescências culturais: a abertura da 36ª Bienal de São Paulo, em cartaz no icônico Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera, até 11 de janeiro de 2026.
Sob a curadoria do camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, a mostra traz o título “Not All Travellers Walk Roads” (Nem todo viandante anda estradas — Da humanidade como prática). Mais do que um slogan, o tema é um convite à reflexão sobre a pluralidade de caminhos que a humanidade pode seguir — caminhos de cura, resistência, espiritualidade e de novas formas de coexistência.
Longe do formato tradicional de exposições que se organizam por estilos ou escolas, a 36ª Bienal propõe uma experiência sensorial intensa. O público encontra instalações que unem natureza, espiritualidade, oralidade e corporalidade, misturando sons, têxteis, esculturas e performances.
Entre os nomes em destaque estão Precious Okoyomon, com obras que se confundem com ambientes vivos; Nádia Taquary, que traduz cosmologias afro-brasileiras em esculturas e símbolos; o cineasta e artista visual Theo Eshetu; o mato-grossense Gervane de Paula, cuja obra dialoga com resistência indígena; e o japonês Gōzō Yoshimasu, referência em poesia visual.
Críticos internacionais, como o The Guardian, destacam a capacidade da mostra de criar uma “cacofonia criativa”: árvores que cantam, colmeias que vibram como corpos hormonais, espaços onde a arte rompe fronteiras entre humano e não humano. Já o El País aponta a Bienal como uma aposta por um novo humanismo, em contraponto à crise global marcada por guerras, desigualdade e crise climática.
Parte do fascínio da Bienal está no próprio edifício modernista de Oscar Niemeyer, o Pavilhão da Bienal, com sua planta livre e rampas sinuosas que ampliam a experiência da arte em movimento.
O projeto expositivo de Ndikung e sua equipe respeita esse legado, mas também o transforma: paredes brancas dão lugar a cores terrosas e tecidos suspensos, que filtram a luz natural do Ibirapuera e criam ambientes quase espirituais. A arquitetura se torna parceira do discurso, sugerindo que a arte não se vê apenas — ela se sente, se atravessa e se vive no corpo.
A 36ª Bienal não foge ao seu papel político. Ao contrário: a mostra assume uma posição clara ao dar protagonismo a culturas não ocidentais, feministas, indígenas, queer e afrodescendentes.
Cada sala é uma afirmação de que a arte contemporânea precisa olhar para além do eurocentrismo, reconhecendo práticas artísticas de territórios historicamente marginalizados. Ao valorizar saberes tradicionais, a Bienal propõe uma visão de mundo mais plural, ecológica e inclusiva.
Para profissionais criativos, visitar a Bienal é muito mais do que acompanhar tendências artísticas. É um mergulho em novos modos de pensar espaço, materialidade e narrativa visual.
Em tempos em que design e arquitetura buscam inspiração em raízes culturais e em experiências sensoriais completas, a Bienal é um verdadeiro laboratório criativo.
“Nem todo viandante anda estradas” é mais do que título: é metáfora de um tempo em que precisamos abandonar certezas rígidas para experimentar múltiplas formas de caminhar juntos.
Na 36ª Bienal de São Paulo, arte não é vitrine distante, mas ritual coletivo, experiência partilhada e memória em construção. Para quem vive de criar — arquitetos, designers, artistas — é também inspiração para projetos que busquem sentido, sensibilidade e impacto humano.
Mais informações: Bienal de São Paulo
Imagem destacada – Fundação Bienal
36ª Bienal de São Paulo
Local: Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera – São Paulo
Data: até 11 de janeiro de 2026
Curadoria: Bonaventure Soh Bejeng Ndikung
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