Quando a gente pensa em viajar pro Uruguai, a ideia costuma ser simples: um país pequeno, aqui do lado, fácil de explorar. No entanto, uma viagem para o Uruguai costuma surpreender quem espera apenas um país vizinho tranquilo. A proximidade geográfica com o Brasil não traduz familiaridade automática.
Apesar do tamanho reduzido, o território uruguaiana guarda contrastes culturais marcantes. Montevidéu tem um ritmo próprio, o sotaque do espanhol é diferente e o ritmo da cidade lembra outras épocas. As outras cidades entregam uma mistura de raízes européias e hábitos urbanos contemporâneos.
Nesse post, descubro 4 motivos pelos quais o Uruguai é um terreno fértil para uma viagem com significado.
Pouca gente relaciona uma viagem para o Uruguai com bem-estar profundo. Mas esse pequeno país abriga um dos maiores aquíferos do planeta: o Guarani. No noroeste uruguaio, nas regiões de Salto e Paysandú, as águas subterrâneas emergem naturalmente aquecidas, com temperaturas entre 37 °C e 46 °C. Ricas em cálcio, magnésio e bicarbonato, essas águas são utilizadas em tratamentos terapêuticos há décadas.
Partindo dessa herança, o Alive Health é uma clínica-hotel que combina práticas de medicina funcional, estética regenerativa e programas de detox metabólico. Suas experiências de bem-estar incorporam a lógica termal em tratamentos como o colchão de água, que regula a temperatura entre 32°C e 40°C conforme o objetivo terapêutico, e a Máquina do Tempo, que une termoterapia, cromoterapia e vapores quentes em sessões que mimetizam os efeitos curativos das águas minerais. Lá o uso das águas minerais acontece em sinergia com protocolos científicos de rejuvenescimento celular e programas alimentares plant-based, sempre supervisionados por médicos e nutricionistas.
Já o Sacromonte, propõe outra forma de cura: o contato profundo com o solo rochoso da Serra de Carapé. O vinho biodinâmico, produzido ali mesmo, é fermentado segundo o ritmo lunar e servido em chalés envidraçados voltados para a mata nativa. O ritual de descanso é complementado por trilhas privadas, banhos de imersão com ervas locais e uma arquitetura pensada para resguardar o silêncio interno.
Uma boa viagem para o Uruguai pode ir além das rotas turísticas tradicionais. Um caminho possível passa pelo vinho, mas não como consumo: como ritual. A poucos quilômetros de Montevidéu, uma vinícola familiar centenária oferece mais do que Tannats premiados: propõe uma experiência guiada por sommelier, onde o paladar é treinado em silêncio, entre vinhedos de mais de cem anos. O rótulo estrela, o Tannat, não é apenas um produto nacional é também uma chave sensorial para o entendimento das terras uruguaias. O tour inclui empanadas caseiras e almoço leve. Com o suporte de um guia especializado, a degustação vira ferramenta de foco, pausa e presença.
No interior do país, experiências semelhantes aprofundam esse estado de atenção. O Narbona Wine Lodge proporciona hospedagem voltada para o bem-estar rural. A imersão começa no café da manhã com vista para as parreiras e ganha corpo na degustação guiada de vinhos e queijos. Já o Carmelo Resort & Spa, oferece acesso ao spa, com jacuzzi, sauna seca, piscina climatizada e day use para terapias corporais. A rotina desacelera naturalmente com passeios de mountain bike entre vinhedos, cavalgadas guiadas e fins de tarde a bordo de um barco, observando o sol cair sobre o rio.
Neste contexto, as vinícolas uruguaias funcionam como espaços de pausa ativa: onde a contemplação não é um objetivo, mas uma consequência. O campo, o vinho e o cuidado corporal criam uma sequência fluida de estímulos que organizam a mente e acalmam o corpo. Um roteiro possível para quem busca integrar degustação e mindfulness em uma viagem para dentro e para fora.
Uma viagem para Uruguai pode ganhar profundidade quando se enxerga as cidades como camadas de história reveladas pela arquitetura. Na Ciudad Vieja, em Montevidéu, o caminhar é guiado por contrastes: a presença colonial espanhola ainda aparece nas fachadas, enquanto o art déco salta dos prédios do século XX. Um passeio a pé para visitar alguns edifícios que foram recuperados e contemplar os tantos outros, deixados ao tempo, mostram a rica narrativa urbana do Uruguai.
Em Colonia del Sacramento, o traçado urbano irregular, herança da dominação portuguesa, contrasta com a rigidez espanhola, refletindo o passado conflituoso da região. Portón de Campo (City Gate), em estilo militar barroco português e a Basílica del Santísimo Sacramento, originalmente iniciada em 1680, são exemplos dessa mistura.
Os edifícios baixos, com pedras irregulares e telhados de duas águas, sustentam o charme do bairro histórico. A cidade é cenário ideal para um tour fotográfico ou para um passeio à pé, sem pressa, pelo centro histórico com um guia local. Embora não tenha sido construída no período colonial, a Plaza de toros Real de San Carlos merece menção por sua arquitetura mista histórica e modernista pelo arquiteto Josip Marković.
Em Mercedes, a arquitetura se integra à vida da cidade de forma natural. As Casas de Matosas, construídas entre 1934 e 1936 por Francisco Matosas i Amat, trazem traços do modernismo catalão como mosaicos coloridos, colunas esculpidas e estruturas de faux bois. Não são peças de museu: continuam habitadas, e suas fachadas ornamentadas convivem com o movimento cotidiano das ruas.
Outros casarões do século XIX, convertidos em instituições públicas, escolas e cafés, mantêm a cidade ancorada na própria história. Numa viagem para Uruguai, Mercedes propõe esse tipo de convivência: entre passado e uso, entre estética e função.
Em Minas de Corrales, no norte do Uruguai, a trajetória da mineração do século XIX deixou vestígios que se materializam em sua arquitetura. A Represa de Cuñapirú, construída entre 1878 e 1882, foi a primeira central hidroelétrica da América do Sul e hoje permanece como ruína monumental de engenharia industrial. Elementos estruturais como estes são registros palpáveis de um tempo no qual a tecnologia europeia e a paisagem rural se entrelaçaram.
Uma viagem para Uruguai não se resume a paisagens e arquitetura: ela também passa pelo paladar. Isso porque a pecuária uruguaia é reconhecida internacionalmente por suas práticas sustentáveis. A maior parte da produção de carne funciona no sistema de produção a pasto e com práticas de cuidado com o solo e com os animais. Isso influencia diretamente na qualidade final da carne. Isso significa que o prato servido não está apenas ligado à tradição, mas a uma cadeia produtiva com impacto direto na saúde e no equilíbrio ambiental. Comer bem, no Uruguai, passa por essa consciência.
É algo que se percebe com clareza no Mercado del Puerto, em Montevidéu, onde os cortes típicos aparecem em parrilas abertas, servidos de forma informal, mas com atenção à origem dos ingredientes.
Mas a gastronomia do Uruguai não se resume à pecuária. Em outro ritmo, a Feira Tristán Narvaja, também na capital, expõe alimentos frescos, produtos artesanais e um contato mais direto com os modos de vida locais. Em um tour pelas comidas de rua de Montevidéu, entre livros antigos, discos de vinil e frutas frescas, aparecem também bancas com empanadas quentes, queijos artesanais e doces típicos como os alfajores — que podem ser tema de oficinas conduzidas por pequenos produtores.
Essa leitura do alimento como parte da vivência se reflete também na alta gastronomia. O chef Juan Pablo Clerici, à frente do Café Misterio, propõe uma cozinha que parte de ingredientes locais e técnicas contemporâneas, sem abrir mão de sabor ou propósito. A localização do restaurante, no bairro de Carrasco, reforça essa ideia de uma experiência urbana integrada à natureza e ao conforto.
Uma viagem para Uruguai entrega destinos e experiências incríveis. Neste post, falamos das propriedades curativas de suas águas termais, da arquitetura multifacetada, assim como sua tradição do vinho e da pecuária.
Certamente este destino agora figura em sua lista, não? Para conhecer mais sobre o Uruguai e outros destinos pelo Brasil e mundo, continue lendo o Dona Arquiteta.
Preciso de passaporte para entrar no Uruguai?
Não. Brasileiros podem entrar no Uruguai apenas com o RG (número de identidade), tendo, o documento, sido emitido nos últimos 10 anos.
Qual a melhor época para viajar para o Uruguai?
A melhor época vai de novembro a março. Até fevereiro, clima ameno a quente, ideal para cidades, praias e interior. Já março traz o início do outono com temperaturas agradáveis, custos menores e menos turistas.
Quais os melhores apps de mobilidade em Montevidéu?
Uber e táxi funcionam bem em Montevidéu e as linhas de ônibus são eficientes. Você pode descobrir as melhores opções informando o trajeto pelo Google Maps mesmo.
referências
*Atenção: Preços tomam como base a data de redação deste conteúdo. Podem sofrer alterações a qualquer momento e sem aviso prévio.
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