A Bjarke Ingels Group (BIG) desenvolveu o projeto urbano mais ambicioso da década: Telosa, uma cidade inteiramente nova no deserto americano que planeja abrigar 5 milhões de habitantes até 2050.
O masterplan, criado em parceria com o empresário Marc Lore — ex-presidente de e-commerce do Walmart —, é uma tentativa radical de reimaginar o desenvolvimento das cidades através de princípios de
A ideia é que a cidade já receba os primeiros moradores, 50 mil moradores para ser exato, até 2030. Será a base para um modelo urbano que seus ambiciosos idealizadores querem tornar o protótipo global para futuras cidades — ao menos aquelas construídas do zero.
E elas estão vindo com tudo. Telosa integra uma tendência global de cidades planejadas que inclui projetos como The Line na Arábia Saudita e BiodiverCity na Malásia (também projetada pela BIG). É um mercado que ganha crescimento exponencial com propostas de desenvolvimento urbano sustentável que conversa bem com as pressões climáticas e demográficas das últimas décadas.
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Telosa prioriza engajamento comunitário e design cooperativo como estratégias de implementação. A abordagem tenta fugir do padrão de outros empreendimentos de cidades inteligentes, que enfrentaram dificuldades devido à falta de participação social real Songdu e a Akon City (cujo foi projeto foi recentemente cancelado).
Podemos entender mais disso a partir das palavras deixadas por Alana Goldweit — designer sênior e associada do grupo BIG — em uma recente entrevista para a Forbes:
“Telosa será construída com propósito, como um lugar que prioriza as pessoas e não a tecnologia, nos diferentes meios de transporte ou layouts de edifícios baseados exclusivamente na topografia. Ao enfatizar a conexão das pessoas com o meio ambiente e entre elas, a cidade estabelece um novo padrão de vida urbana, que atende às necessidades das pessoas e cria uma qualidade de vida mais elevada.”
Alana Goldweit | Designer Sênior da BIG
O projeto técnico de Telosa se baseia no conceito de “cidade de 15 minutos”. O plano é que você possa fazer tudo que precisa sem se movimentar do que 15 minutos. Para isso, o projeto foi organizado em 36 distritos de uso misto, onde residentes podem acessar trabalho, educação e serviços essenciais através de caminhadas ou deslocamentos de curta duração.
O núcleo arquitetônico é a Torre Equitism, um arranha-céu multifuncional que integra:
A infraestrutura hídrica procura incorporar todo o ciclo da água, passando pela captação, tratamento e reutilização, criando resistência à seca via tecnologias de infiltração e recarga de aquíferos.
Apesar da fala de Goldweit, podemos perceber que há sim certa atenção na integração com meios de transportes do futuro. Telosa está sendo projetada para eliminar completamente os veículos movidos a combustíveis fósseis, priorizando veículos autônomos elétricos, ciclismo e pedestrianismo.
Um hub de mobilidade circular de quatro níveis, uma das partes mais impressionantes do projeto, conecta diferentes modalidades de transporte, incluindo um sistema de monotrilho Sky Tram.
O conceito, que podemos traduzir como “equitismo” propõe que a propriedade da terra seja comunitária e gerenciada pelos próprios moradores por meio de uma fundação.
À medida que o valor imobiliário aumenta, a fundação monetiza lotes e arrendamentos para financiar um fundo patrimonial destinado a educação, habitação, saúde e treinamento profissional. É dessa forma que o equitism, centro da lógica social do projeto Telosa, promete reduzir desigualdades através da distribuição coletiva dos benefícios da valorização urbana.
O projeto planeja a integração de infraestrutura verde utilizando a vegetação nativa e reservatórios gerenciados que formam um corredor ecológico central, mas enfrenta ceticismo de especialistas por várias razões. As principais delas são:
Ainda assim, o projeto Telosa segue em frente e representa um marco na evolução do planejamento urbano contemporâneo, integrando sustentabilidade ambiental com inovação social através da tecnologia.
Acreditamos que a realização do projeto da cidade de Telosa dependerá da capacidade de superar esses desafios técnicos relacionados à gestão de recursos em ambientes áridos e à implementação de modelos econômicos alternativos em escala metropolitana.
O fracasso de projetos recentes põe dúvidas sobre uma nova proposta, mas não podemos esquecer que Bjarke Ingels já foi bem-sucedido em grandes outros projetos improváveis — entre eles o 8 House, que transformou o conceito de habitação acessível em uma inovação urbana que incentiva o senso de comunidade.
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