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Dicas para criar um espaço para meditar em casa com decoração zen
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Minhas primeiras tentativas de meditar em casa foram um verdadeiro show de desastres. Não durava nem dois minutos: as pernas doíam, a coluna implorava por um colchão, eu ficava espiando se alguém estava me olhando e minha mente pensava em absolutamente qualquer coisa, menos na tal paz interior.
Foi por isso que, quando minha namorada sugeriu visitar um templo budista perto da rodoviária (sim, você leu certo), confesso que fui mais pela curiosidade de ver monges de verdade circulando pelo interior de São Paulo do que por qualquer esperança meditativa. Depois de passar por uma sala — que mais parecia uma loja de souvenirs budistas, com direito a cores berrantes e todo tipo de estatueta imaginável —descemos uma escada.
E ali, num porão improvisado, entre tecidos leves nas paredes e algumas plantas estratégicas, aconteceu: pela primeira vez na vida, consegui realmente meditar. Quem diria que a chave para acalmar a mente estava num ambiente bem planejado do lado de uma rodoviária?
Foi ali que descobri que eu não era um caso perdido. Eu só precisava do ambiente certo.
E é justamente por isso que estou aqui: quero compartilhar com você como transformar um cantinho da sua casa em um ótimo espaço para meditar.
Prometo que você não vai precisar construir um porão nem se mudar para perto de uma rodoviária.
Se você se interessou por este assunto, talvez também queira ler:
- Um guia sobre o melhor da arquitetura em Salvador
- The Social Space de Singapura: Design sustentável & empreendedorismo social
- Estilo Escandinavo, conheça o ideal escandinavo de “lagom”
Como escolher o lugar ideal para meditar em casa
O primeiro passo para criar seu refúgio meditativo, por incrível que pareça, não é já sair comprando almofadas ou incensos. Precisamos começar analisando o que temos à disposição, observando a casa com novos olhos.
Você não precisa de um cômodo inteiro. Ás vezes, um cantinho esquecido em um escritório, sala ampla ou quarto de hóspedes pode se transformar em seu espaço de meditação.
A questão principal não é o tamanho, mas sim a qualidade do espaço que vai usar para meditar em casa. Na hora de escolher o lugar ideal, pense nestes critérios:
- privacidade: garantir um lugar onde você não será interrompido constantemente
- quietude: não precisa ser silencioso como um mosteiro, mas deve no mínimo não ser invadido com tanta facilidade com o som da TV ligada de um vizinho ou do barulho da rua;
- boa ventilação: o fluxo de ar ajuda a manter a mente alerta ao permitir um controle mais natural da temperatura e a sensação da brisa;
- luz natural: escolha um espaço que receba luz natural em algum momento do dia.
É bem possível que você não consiga atender a todos estes critérios, mas ao tentar atingir o máximo do checklist, logo vai identificar um espaço perfeito para você.
A conexão com a natureza na decoração de um espaço zen
Várias pesquisas já têm apontado o impacto positivo da natureza para reduzir nosso estresse e, principalmente, melhorar nossa atenção.
Por exemplo, um artigo publicado no periódico científico Cognitive Research: Principles and Implications detectou que exposição a ambientes naturais ajuda a reduzir ondas cerebrais que são associadas ao estresse e à ruminação de pensamentos negativos.
Já este outro, do periódico Environment and Behavior, demonstrou que fazer atividades na natureza ajudam a melhorar nossa atenção, algo particularmente eficiente em pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH)
Colocada à ciência de lado, é só lembrar dos momentos em que você deu um mergulho em ambientes mais verdes. Aquela chácara no interior, aquele bosque ou jardim botânico na cidade, ou aquela trilha maravilhosa que fez tempso atrás na mata?
Aposto que conseguiu se lembrar em como sentiu uma tremenda paz interior por horas após essas experiências.
Então, que tal trazer um pouco desta energia para seu de meditar em casa? Por isso, busque escolher um espaço que esteja:
- próximo a uma janela que emoldure alguma vegetação (uma árvore ou um jardim, por exemplo);
- em um canto que receba luz natural suave;
- onde você possa ouvir sons naturais (como pássaros ou o vento nas folhas)
E nada de botar o pé no freio e perder as esperanças se não você mora em um lugar que está longe disso tudo. Se você mora em um apartamento sem vista para áreas verdes, é possível (e vamos te mostrar como) compensar isso com elementos internos na decoração.
Preparando o Terreno
Antes de sair decorando seu cantinho zen como se não houvesse amanhã —sim, eu também já quis comprar todas as estatuetas de Buda da loja — vamos começar com algo bem menos glamouroso: uma boa faxina.
Sabe aquela gaveta que você tem medo de abrir porque virou um buraco negro de tralhas? Ou aquela pilha de “coisas para organizar depois” que está lá desde o ano passado?
Então. Meio que chegou a hora de encarar essa bagunça. Nada disso pode ficar num espaço decente para meditar em casa. Tire tudo que não tem função real ali; Claro que não precisamos ser radicais — dá para manter aquele cristal que sua tia jurou que vai mudar sua vida.
Depois, é hora de uma limpeza caprichada. Não vale só passar um paninho por cima e fingir que está tudo bem. Apesar de limpar não ser tão divertido quando pesquisar modelos distintos de almofadas no Pinterest, vai fazer toda diferença1.
Com tudo limpo, abra as janelas e deixe o ar circular por algumas horas.
Ah, e antes de sair comprando cortinas ou posicionando móveis, pare um pouco para observar como a luz natural se comporta no ambiente ao longo do dia. Pode parecer meio óbvio, mas você não vai querer descobrir depois que seu cantinho de meditação vira uma sauna às 15h por causa do sol da tarde.
Seu espaço não precisa parecer que saiu de uma revista de decoração, o importante é que seja um lugar onde você se sinta em paz — mesmo que sua única decoração seja um cachorrinho de pelúcia que te acalma desde a infância.
Elementos naturais no seu espaço
Lembra quando eu disse que consegui meditar pela primeira vez num porão?
Obviamente não era um porão qualquer. Lembro que havia plantas estrategicamente posicionadas que faziam toda diferença.
E olha que nem eram aquelas plantas instagramáveis que parecem saídas de um editorial de decoração. Eram orquídeas simples e samambaias que, diferente das minhas, não estavam tentando decidir se queriam viver ou não.
As melhores companheiras verdes para meditar em casa
Primeiro, vamos ser honestos: nem todo mundo nasceu com o dedo verde.
Se você é daquela galera que consegue matar até cacto, que tal começarmos com plantas mais resistentes?
Algumas são verdadeiras guerreiras:
- Zamioculcas;
- Espada de São Jorge;
- Lírio da Paz;
- Jiboia;
- e Antúrio.
E super recomendo dar uma olhada nesse video que é um verdadeiro guia de cuidado com plantas dentro de casa, da Carol Costa no canal Minhas Plantas.
Além das plantas
Não são só as plantas que trazem a natureza para dentro de um espaço para meditar em casa. Existem outros elementos que ajudam, e muito:
- sons: Uma pequena fonte de água (daquelas que você encontra em lojas de artesanato) pode criar aquele som relaxante de água correndo.
- texturas: tapetes de fibras naturais, algumas pedras lisas ou até mesmo uma almofada de meditação feita com tecidos orgânicos;
- aromas: óleos essenciais e incensos
Se você for como eu (que sempre esquece de repor o difusor), algumas ervas aromáticas vivas funcionam muito bem. Lavanda, alecrim ou hortelã são perfeitas e ainda servem bons chás depois.
Procure equilíbrio
Você não precisa transformar seu espaço para meditar em casa em um jardim botânico. Às vezes, uma única planta bem cuidada e alguns elementos naturais são suficientes para criar a decoração de um espaço zen.
E lembre-se: suas plantas são parceiras de meditação, não itens de decoração.
Cuide delas com carinho (mesmo que seja um carinho meio atrapalhado no começo) e elas vão retribuir criando a ambientação perfeita para suas práticas meditativas.
Mobiliando um espaço de meditar em casa
A verdadeira essência de um espaço para meditar em casa não está nos objetos que o preenchem, mas na forma como eles dialogam entre si e com quem os utiliza.
Quando você entende isso, a escolha do mobiliário vira um exercício de consciência e propósito, e deixa de ser uma escolha puramente estética.
Por isso, vamos para alguns princípios básicos:
Fundamentos essenciais
O mobiliário de um espaço para meditação em casa deve seguir 3 princípios fundamentais:
Ergonomia
- deve oferecer suporte adequado para a coluna
- precisa ser flexível o suficiente para diferentes posturas e técnicas de meditação
- e, claro, ser adaptado às necessidades de quem está usando.
Sustentabilidade:
- presença de texturas naturais que convidam ao toque;
- escolha de materiais sustentáveis e duráveis;
- e acabamentos que envelhecem com dignidade.
Simplicidade
- pense em peças que podem ter diversas funções;
- e que sejam fáceis de organizar e de mover
Para simplificar: pense que seu espaço para meditar em casa não é um showroom de design contemporâneo nem um teste para suas habilidades em montagem de móveis.
Se você precisa de um PhD em engenharia para usar o mobiliário, provavelmente não é uma boa escolha.
O segredo é encontrar peças que te tragam conforto e tranquilidade, sem precisar virar um especialista em yoga, feng shui ou em montagem de móveis suecos. Foque no objetivo principal: relaxar a mente.
Itens essenciais para a meditação em casa
É interessante pensar que a maior barreira para a criação de um cantinho zen em casa não é a falta de espaço ou de recursos, mas o excesso de expectativas.
Um lugar para meditar em casa precisa de muito menos do que costumamos imaginar. O fundamento de qualquer prática meditativa começa com uma postura confortável e sustentável. Para isso, você precisa de:
Um Lugar para sentar:
- uma almofada firme e estável
- com altura suficiente para manter os quadris acima dos joelhos
- procure pro material respirável, preferencialmente algodão ou linho
Itens de suporte:
- tapete fino para proteger os joelhos;
- uma manta leve (para os dias mais frios);
- uma mesa baixa ou bandeja para velas e incensos;
- o já comentado espaço para um pequeno vaso com planta;
- local para apoiar um timer;
Aqui incluo uma dica de algo bem particular, que acabei achando útil com a prática: deixe um pequeno caderno de anotações por perto.
É incrível a quantia de insight que temos antes, ao longo ou depois de períodos de meditação. Deixar esse caderninho ao lado te ajuda a lançar as palavras imediatamente, sem perdê-las ou se distrair com elas.
Controle da luz
A iluminação em um espaço para meditar em casa vai além da funcionalidade. Ela tem esse poder de moldar nossa percepção, influenciando nosso estado mental e transformando completamente uma experiência — e isso inclui até mesmo a contemplação.
Pesquisas em neuroarquitetura mostram que a forma como a luz interage com o ambiente afeta diretamente nossos níveis de atenção, relaxamento e até mesmo a qualidade do nosso sono2.
A luz natural é pode ser sua melhor amiga
Muita coisa na vida não faz diferença em pouca quantia e vira veneno na dose errada. Com a luz natural não é diferente.
O ideal é posicionar seu espaço para meditação em casa para que pegue a luz indireta da manhã ou do fim de tarde.
Para domar essa luz quando ela resolve aparecer com toda força, use cortinas leves de tecidos naturais.
Antes de fixar seu espaço, faça um pequeno estudo astronômico caseiro: observe como a luz dança pelo ambiente durante o dia — particularmente, acho que vai ser mais útil que ler seu horóscopo.
Itens de iluminação que podem fazer a diferença
Confira algumas sugestões de itens que podem ajudar na composição do seu espaço para meditação em casa, focando na luz:
- Uma luminária de sal do Himalaia para aquele brilho rosado e acolhedor
- Velas em recipientes seguros (preferencialmente com tampa)
Elementos Reflexivos Naturais
- Espelhos venezianos antigos que suavizam o reflexo
- Superfícies em madeira clara que absorvem e refletem luz sutilmente
- Cristais estrategicamente posicionados para criar pontos de luz
- Móbiles com elementos naturais que brincam com a luz
Iluminação Indireta
- Arandelas com luz direcionada para cima
- Luminárias de piso que banham as paredes
- Nichos iluminados para criar profundidade
- Prateleiras com iluminação embutida para plantas
Dica: Trabalhe com pelo menos três pontos de luz diferentes em alturas variadas. Isso cria uma atmosfera mais rica e permite ajustes conforme seu humor ou prática. Mas evite luz batendo direto no rosto durante a meditação.
Seu lar, sua jornada
A magia de um espaço para meditar em casa não está na perfeição estética, mas na autenticidade com que ele reflete nossa busca por paz interior.
A luz natural dançando através das folhas, o aconchego de uma almofada bem-posicionada, o aroma sutil de um incenso ou uma flor: são todos componentes de uma composição que deve te convidar a se encontrar.
Seu espaço meditativo evolui com você. Não se preocupe em criar algo “perfeito” logo de início. Comece com o essencial — um lugar para sentar, uma planta amiga, uma luz acolhedora — e deixe que o resto se desenvolva naturalmente, conforme sua prática e suas necessidades.
Então, que tal começar hoje? Encontre um lugar tranquilo em casa, coloque uma almofada confortável, adicione uma planta ou uma vela. Sente-se, respire e permita-se estar presente. Seu espaço meditativo acaba de nascer.
Ah, e se você gostou desse texto, que tal conhecer um pouco mais do que produzimos aqui no nosso blog e lá no nosso perfil do Instagram? Todos os dias estamos trazendo alguma novidade no universo das viagens e do design.
Notas:
- Sobre limpeza e bagunça, é bem interessante conhecer o trabalho da pesquisadora e influencer digital Carol Ferraz. Como ela mesma define, ela pesquisa bagunça e tem um estudo profundo, conduzido na USP, sobre como a bagunça impacta nossa saúde mental. ↩︎
- Muito disso vem da relação da luz ambiente com o chamado ciclo circadiano (mais conhecido como nosso ‘relógio biológico’), que controla diversos processos fisiológicos que vão desde o ciclo de sono e despertar, liberação de hormônios e até o controle da nossa temperatura corporal. Afinal, muitos desses processos dependem do nosso corpo entender se é de dia ou de noite. O assunto é bem abordado nesse artigo de Andréa de Paiva para a NeuroAU. ↩︎
referências
*Atenção: Preços tomam como base a data de redação deste conteúdo. Podem sofrer alterações a qualquer momento e sem aviso prévio.
“Procura pela meditação e técnicas de relaxamento disparou na pandemia“, escrito por Camille Couto para o CNN Brasil.
“Meditação em casa: como criar um cantinho tranquilo para a prática“, blogpost da Arqfuke.
“10 passos para criar seu cantinho de meditação em casa“, no Blog Zen.
“Como criar um Espaço Zen em casa? Dicas fáceis e rápida“, no ideahome.com.br.
“Mindful Home: a casa como um espaço de equilíbrio, bem-estar e harmonia“, blogpost da Idélli Ambientes.
“Construindo um Jardim para Meditação e Relaxamento“, escrito por ricardo barbosa para o Plantas e Plantas.
“Veja como montar um espaço para meditação em casa“, escrito por Danilo Brandão o blog da Arbo Imóveis.
“6 ambientes com cores que acalmam para relaxar“, matéria de LUCAS DEOLI FREITAS E RAFAEL BELÉM para a revista Casa Vogue.
“Resting-state posterior alpha power changes with prolonged exposure in a natural environment“, artigo e pesquisa conduzidos por Rachel J. Hopman, Sara B. LoTemplio, Emily E. Scott, Ty L. McKinney & David L. Strayer. Publicado na cognitive research journal.
“Coping with ADD. The Surprising Connection to Green Play Settings”, artigo e pesquisa de Andrea Faber Taylor, Frances E. Kuo & William C. Sullivan. publicado no periódico Environment and Behavior.
“The Mental Health Benefits of Getting Outdoors“, artigo do McLean Hospital.
“Nurtured by natur: Psychological research is advancing our understanding of how time in nature can improve our mental health and sharpen our cognition“, escrito por Kirsten Weir para o American Psychological Association.
“THE BRIDGE BETWEEN BRAIN AND DESIGN“, publicado no blog da Garden on the wall.
“Como Criar um Espaço de Meditação com Plantas?“, escrito por Aline Ribeiro para o Plantas e Plantas.