Um guia breve pela histórica e natural arquitetura japonesa
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Uma viagem ao Japão é marcada por experiências que harmonizam arte, natureza e tecnologia. É uma combinação que dificilmente encontramos, ao menos com esse nível de sofisticação, em outras partes do planeta.
É uma herança cultural que se manifesta em quase todo tipo de camada da sociedade, da culinária à filosofia de vida. Porém, diferente do que se pensa, algumas manifestações artísticas japonesas não são homogêneas em seu território. A arquitetura é um desses exemplos. Apesar de alguns traços em comum, como o uso intensivo da madeira e design que respeita seu entorno, a forma como essas características foram exploradas depende muito de cada período histórico.
Além do período, cuja influência na arquitetura vêm das mudanças sociais de cada momento, a espiritualidade se manifesta como outra porta de entrada para entendê-la. Se por um lado os templos xintoístas parecem se camuflar na natureza, os templos budistas consideram a natureza para produzir contraste.
Da mesma forma, a mudança radical de cenário dos bairros tradicionais de Quioto aos mais inovadores de Tóquio se refletem nas cores, nos sabores e nas artes. E mergulham o viajante em uma única certeza: não há nada minimamente próximo dessa experiência em qualquer outra parte do planeta.
Este conteúdo é dedicado tanto aqueles que querem entender mais sobre a formação da arquitetura japonesa em suas diferentes formas, como para quem está planejando uma viagem e está procurando passeios ou hotéis voltados à apreciação do design. Por isso você encontra um panorama geral da história da arquitetura japonesa e uma lista de todos os lugares interessantes que já marcaram presença aqui nas páginas da Dona Arquiteta.
Nas nossas dicas abaixo, você encontra – separadas por localidade – uma série de dicas de hotéis, lojas conceito e restaurantes incríveis para conhecer em uma viagem para o Japão.
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A arquitetura japonesa é caracterizada por sua profunda conexão com a natureza, pelo uso da madeira como material de construção primário e pela incorporação de portas e telas deslizantes que permitem flexibilidade nos layouts internos e plena integração com amplos jardins.
A simplicidade e o minimalismo da arquitetura japonesa moderna influenciaram a arquitetura em todo o mundo, com arquitetos como Tadao Ando e Kengo Kuma sendo reconhecidos globalmente por seu trabalho.
Antes que o budismo chegasse ao Japão, a visão espiritual dos japoneses era dominada por uma visão animista. Em outras palavras, sempre sentiram e atribuíram a existência de espírito (kami) a animais, paisagens, montanhas e até mesmo itens do dia a dia.
Diferente do ocidente, influenciado diretamente pela visão Judaico-Cristão, este modelo de crenças enxerga a presença de espírito muito além do ser humano e os percebe em estado de igualdade. No Xintoísmo, religião nativa japonesa, todo o ambiente é cercado de espíritos que podem nos servir como guias — no geral, a natureza será sempre benevolente.
Seguindo esta lógica, os materiais foram dotados de qualidades sagradas — estar próximo da natureza tem conexão direta com o mundo espiritual — e suas qualidades naturaispassaram a ser enaltecidas. É uma forma de ver recursos que se opõe a artificialidade.
Entre os estilos da arquitetura japonesa, o que traduz melhor o respeito às qualidades naturais de recursos é o estilo Shinmei-zukuri. Presente na grande maioria dos templos xintoístas, suas variações sempre têm em comum o uso de madeira plana sem acabamento. Suas estruturas são simples, construídas em pisos elevados e com telhados de duas águas.
Uma curiosidade deste estilo é que os templos sempre são refeitos a cada vinte anos ao lado do antigo santuário. O exemplar mais famoso do estilo, o Santuário de Ise, foi reconstruído pela 62ª vez em 2013 — a próxima está planejada para 2033.
Houve forte sincretismo religioso com a chegada do Budismo ao Japão. Isso se manifestou também nas artes. Com novos materiais e novas técnicas, a atribuição de valor sobrenatural aos materiais permanece. Exemplo deste novo período da arquitetura japonesa é o Templo do Pavilhão Dourado (Kinkaku-ji).
O ouro é associado à pureza espiritual na vertente budista Terra Pura, por isso todas as paredes externas do Pavilhão Dourado foram revestidas com folhas de ouro. Por sinal, existe uma réplica deste templo aqui no Brasil, instalado no município de Itapecerica da Serra (interior de Sâo Paulo).
Natureza não foi tratada como elemento central das construções durante certo período da história japonesa. No início da década 1870, o governo japonês não mediu esforços em assimilar as artes e engenharia ocidentais.
Mais do que interesse diplomático ou cultural, os japoneses buscavam integrar as capacidades industriais europeias dentro de sua cultura.
Como parte desse processo, o governo trouxe inúmeros professores estrangeiros para o quadro de suas principais universidades. Eram especialistas de todas as áreas: militares, engenheiros ferroviários, artistas, filósofos e arquitetos. Rapidamente, as formas e materiais ocidentais foram assimiladas na arquitetura do Japão. As principais influências estrangeiras no campo da arquitetura foram britânicas e alemãs, com o arquiteto britânico Josiah Conder em destaque.
Neste período, edifícios oficiais de grande porte deixam de ser construídos em madeira. É quando a alvenaria, a pedra e o aço passam a fazer parte da arquitetura japonesa. Dentro deste curto período, menos de um século, os japoneses estabelecem vários edifícios monumentais e imponentes.
Entre eles a sede do Banco do Japão e a Estação de Tóquio, ambas na mesma cidade e projetadas por Tatsuno Kingo. Outros edifícios famosos deste período são o Palácio de Asakasa e o Museu Nacional de Tóquio, do arquiteto Katayama Tōkuma. Os dois arquitetos foram alunos de Conder.
A arquitetura contemporânea do Japão, que tem início no pós-guerra, é bem mais flexível em suas formas, cores e interpretações. Ainda assim, os principais nomes — entre eles Tange Kenzo, Tadao Ando e Kengo Kuma — são famosos por integrar o princípio de harmonia entre edifício e ambiente, além de valorizar os atributos naturais dos materiais que utilizam.
Antes de você conhecer nossa seleção de lugares, deixamos algumas dicas para quem está planejando sua viagem para o Japão. Como há muita coisa para ser vista, recomendamos seriamente que reserve entre 1 a 2 semanas.
Para quem vai para conhecer a arquitetura japonesa e suas diferentes manifestações, artísticas, existem algumas atrações que valem muito a pena. E para você aproveitá-las, mantenha em mente:
O Japão possui uma incrivel coleção de museus de arte que apresentam tanto manifestações tradicionais japonesas quanto as contemporâneas. Entre alguns que são notáveis estão:
Dois deles já foram tema de material aqui no Dona Arquiteta e você consegue conferir um pouco do que se encontra por lá.
A melhor época para visitar o Japão depende (naturalmente) das preferências e interesses pessoais. No entanto, cada estação do ano tem seus atrativos principais:
A melhor época para visitar o Japão é o outono. Embora a primavera seja famosa pelas cerejeiras, o florescimento das sakuras não é garantido, já que fatores climáticos inferem nesse evento natural. Já no outono, a mudança das folhas de maple (bordo) é certeira, transformando as paisagens urbanas numa explosão de laranja e vermelho.
Lembre-se de que o Japão é um destino para todo o ano e cada estação oferece atrações e eventos exclusivos. Para cada tipo de viajante, vai existir uma estação perfeita. Então o ideal é avaliar quais atrações te atraem mais e então checar qual estação mais as oferece.
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Explorar as cidades japonesas é uma experiência marcada por conveniência e beleza.
As lojas de conveniência, também chamadas de Konbini, estão espalhadas por toda parte. Elas facilitam a vida de todos que precisam de itens básicos, como água ou escovas de dente.
Além disso, oferecem uma solução para descartar lixo — o que pode ser útil, considerando que, apesar da limpeza extrema das cidades, há poucas lixeiras públicas.
Só não pode esquecer da etiqueta básica: não chegue só para jogar lixo, é educado comprar algo se for usar a lixeira da loja.
Ao visitar os restaurantes japoneses, é importante entender o contexto cultural.
Entrar em um estabelecimento e não consumir nada é considerado bem rude. Cada restaurante costuma ser especializado em um tipo específico de prato, como:
Portanto, não espere encontrar um lugar que sirva sushi e lamen juntos — ao menos não se estiver procurando uma experiência autêntica da gastronomia local.
Aliás, se você é foodie, vai se interessar em ler essas matéria:
Deslocar-se pelo Japão é bastante prático.
Há diversos aplicativos para garantir uma corrida confortável — inclusive a Uber funciona bem — mas nada supera a eficiência dos trens e metrôs, especialmente nas grandes cidades, onde eles alcançam praticamente todos os destinos.
Naoshima é uma pequena ilha no Japão que se transformou em um destino cativante para amantes de arte e arquitetura.
Conhecida como a “ilha da arte”, Naoshima combina a serenidade de um refúgio isolado com uma cena artística bem planeada. Originalmente uma comunidade tranquila, a ilha ganhou fama internacional graças à colaboração entre o governo local e a Fundação Benesse.
O arquiteto Tadao Ando projetou várias estruturas na ilha, incluindo museus e instalações artísticas que se harmonizam com a paisagem natural, utilizando concreto e linhas simples para complementar o ambiente natural.
Além dos edifícios de Ando, Naoshima é famosa por suas instalações de arte ao ar livre e os projetos de reutilização artística, como a série de projetos “Art House Project”, onde casas e templos abandonados foram transformados em obras de arte por artistas contemporâneos.
A ilha também abriga o icônico “Pumpkin” de Yayoi Kusama, uma escultura de abóbora polida que se tornou um símbolo fotográfico da fusão entre arte moderna e natureza.
Você confere mais sobre a ilha nesse conteúdo aqui:
Quioto, a antiga capital do Japão, é uma cidade onde a história e a modernidade se entrelaçam de maneira singular, oferecendo uma visão profunda da evolução arquitetônica e cultural japonesa.
Enquanto mantém suas raízes profundas com mais de mil templos e santuários, incluindo o famoso Pavilhão Dourado e o Templo Kiyomizu-dera, Quioto também apresenta exemplos de modernidade, como a estação de Quioto — um dos principais modelos da arquitetura modernista japonesa.
A cidade é um cenário dinâmico que reflete a estética tradicional japonesa ao lado de inovações modernas, tornando-a um lugar de estudo e admiração.
O compromisso de Quioto com a preservação de sua herança é evidente na manutenção de suas características históricas, como o distrito de Gion (onde ainda podemos ver gueixas em trajes tradicionais.
A arte se manifesta em todo lugar, desde galerias contemporâneas até espaços públicos que exibem esculturas e instalações artísticas. Quioto não é apenas um local de beleza antiquada, mas um centro vibrante de atividade cultural que continua a influenciar as tendências de design global.
Tóquio é uma metrópole que combina o avanço da arquitetura e do design urbano com a preservação de sua cultura histórica. A cidade é um mosaico de bairros diversos, onde se encontram santuários tradicionais e tranquilos, arranha-céus modernos e bairros de moda animados como Shibuya e Harajuku. Esse contraste marca a vida social de Tóquio.
Em Tóquio, a arte e a arquitetura não são confinadas aos museus e galerias; elas permeiam as ruas. Desde a Torre de Tóquio, que oferece uma interpretação japonesa da Torre Eiffel, até o recente Mori Building Digital Art Museum, onde obras de arte digitais criam um mundo imersivo, a cidade é um palco onde o passado encontra o futuro de maneira dramática.
A influência da arquitetura japonesa tradicional ainda é sentida, mas é a abordagem inovadora e o uso de tecnologia que fazem de Tóquio um campo de estudo para as tendências contemporâneas.
Além disso, Tóquio oferece um exemplo extraordinário de como os espaços urbanos podem ser utilizados de forma eficiente. Em um país com limitações geográficas significativas, Tóquio explora verticalidade e soluções de design inteligente para acomodar sua densa população.
A cada esquina, Tóquio revela sua habilidade única de inspirar, desafiar e expandir os horizontes de quem a visita, tornando-a essencial para qualquer pessoa interessada em como o design pode moldar o futuro das cidades globais.
<card: Roteiro de Tóquio, onde ir? Onde ficar? Onde Comer? Onde comprar? >
A Ilha Fukue, parte do arquipélago de Goto, é uma joia pouco explorada no Japão, que combina natureza, história e cultura. A, extremamente tranquila, é conhecida pelas belas praias, águas cristalinas e paisagens naturais que proporcionam um retiro pacífico longe da agitação das grandes cidades japonesas.
Arquitetonicamente, Goto guarda traços da influência portuguesa e cristã, que são evidentes em algumas das suas igrejas históricas.
A ilha também é famosa por suas tradicionais casas de pedra, que demonstram uma adaptação única à geografia e ao clima locais. Por isso, é uma ilha com uma rica cultura e arquitetura memorial — algo reforçado pelas festas e sua comida do mar mostram tradicionais.
Nara foi a primeira capital do Japão e é famosa pelos templos e santuários antigos, como o Templo Todai-ji — que tem uma grande estátua de Buda (a maior em madeira).
A arquitetura em Nara mostra a influência budista que marcou o período Nara da história japonesa, com prédios enormes de madeira e desenhos antigos que são alguns dos mais velhos exemplos de arquitetura budista no país.
Além disso, a cidade é tranquila e diferente das grandes cidades como Tóquio e Osaka, mostrando um lado mais calmo e tradicional do Japão.
Nara não é só um lugar para turistas; é uma cidade que ensina muito sobre as origens culturais do Japão, sendo um lugar importante para quem gosta de história, arquitetura e tradições japonesas.
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referências
*Atenção: Preços tomam como base a data de redação deste conteúdo. Podem sofrer alterações a qualquer momento e sem aviso prévio.
Japan National Tourism Organization (JNTO)
Artigo sobre Arquitetura japonesa de Pragya Sharma para a Parametric Architecture.
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